segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

O Ministério da Saúde adverte

Alegria faz bem à saúde. E hoje foi comprovado, mais uma vez.

Ontem fiz 59 anos e foi uma das comemorações mais gostosas que já tive. Não houve convites, mas convidados espontâneos. Pedro organizou um café da manhã que eu apenas ajudei a montar – ele foi super eficiente! Dividiu todo o trabalho e com prazer. Adorei!

Saí cedo para a injeção na barriga e quando voltei, às 9:30, já tinha chegado gente aqui.

Não foi um café da manhã, mas uma comemoração da vida, da amizade, do carinho de todos por todos – essa foi minha sensação. Todos se conheciam e houve muita conversa, risada e comilança!

Aproveitamos para comemorar os 83 anos da minha mãe, que é hoje, dia 25, e o da Denise, que foi dia 5. Havia torta para todas nós! Na minha estava escrito AINDA VOU LONGE, coisa que cada vez mais acredito ser a maior verdade!

Até ontem eu estava naquele período dos primeiros dias pós-químio, que me deixam numa excitação enorme, ligadona e até com dificuldade para dormir. Historicamente, hoje, no quarto dia, deveria ter acordado como se estivesse sem pilha – e foi diferente! Acordei normal, como nos últimos dias!

De manhã, Pedro foi para o Núcleo, para aula de Pilates, e resolvi ir junto, de tão animada. De repente, e isso foi surpreendente, sem aviso prévio, parecia que eu havia sido desligada da tomada. Sem mais nem menos! Pifei. Por sorte havíamos ido de carro, porque teria sido difícil caminhar até aqui.

Viemos para casa e dormi o resto da manhã. Acordei para almoçar e, surpresa! Inteira novamente!

À tarde fui ao Rio-Sul para a injeção na barriga e voltei de taxi, e ainda tenho energia para escrever aqui!

Isso tudo é novo, diferente do que sempre foi e o que está fazendo essa diferença só pode ser a minha felicidade! Ok, a injeção de Granulokine também ajuda, mas estar feliz deve contar, certo?

O aniversário me empolgou, me deixou tão feliz e me trouxe tanta alegria que acabou se refletindo no meu estado geral.

Além disso, ando envolvida com este blog, cuja idéia, a princípio, achei detestável. Não seria muita exibição e um risco enorme de me deixar levar por essa exposição narcísica? Pode ser, mas que está me fazendo um super bem, isso está!

Escrevo quando sinto que há o que dizer e levo um tempão pensando e sentindo o assunto que pretendo abordar.

Bom, mesmo com todo esse up-grade, no estado geral,vou tentar me poupar.



sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Uma amiga de infância

Não disse que já me sentia quase curada? Pois ontem encerrei com chave-de-ouro meu último dia de boa disposição, energia e atividades.

Hoje de manhã recomeço o terceiro ciclo da químio e aí a história vai se repetir. Será? Minha sensação é que, animada e esperançosa do jeito que ando, a reação seja outra e eu não fique tão sem forças, só querendo ficar deitada.

Ontem a equipe de trabalho comemorou meu aniversário antecipado almoçando no Turino. Foi uma delícia! Como sempre, nossas reuniões em restaurantes têm muita risada e emoção – e a emoção é sempre coletiva...

De lá, seguimos para o NÚCLEO para o bolo, o café, os olhos-de-sogra, que adoro, além dos brigadeiros, ambos feitos pela Renata, irmã da Flávia e nossa “sócia honorária”, já que a Flávia a coloca em mil funções e encrencas por nossa causa. Obrigada, Rê!

A festa foi interrompida pelo meu anúncio de que queria dar a aula teórica que há muito vinha prometendo. Como agora não adio nada na vida...

Antes do término da aula, chegou minha amiga de Porto Alegre, Marie Anne, para passarmos a tarde juntas naquelas conversas sem fim. Ela ainda não conhecia nosso espaço. Lógico que acabou participando da aula e até nos deu informações bem relevantes.

Ela é odontologista e mais uma vez pudemos confirmar o quanto qualquer desvio postural influi no corpo inteiro, podendo atingir os dentes, assim como desvios da arcada dentária podem causar problemas que desçam até os pés, por exemplo. Aprendemos todas um pouco mais. Acho o máximo!

Viemos para minha casa e voltamos à época das conversas longas que alimentamos desde o tempo de meninas de 11 anos até hoje, apesar dos quilômetros de distância: casamentos, filhos, separação, vida profissional, a perda do meu grande amigo Beto, seu marido, e tudo o que vivemos ao longo dessas quase cinco décadas.

Estava escrito nas estrelas que seríamos amigas. Dos 11 aos 15 anos fui Bandeirante, o que teve uma grande importância na minha formação. Foi feita uma campanha estimulando que nos correspondêssemos com outras Bandeirantes, de diferentes estados. Separei 3 endereços e escrevi minhas cartas. Recebi respostas de todas, mas a colega de Porto Alegre que eu havia escolhido tinha uma amiga, que nem pertencia ao grupo, mas também queria uma correspondente para chamar de sua. E foi assim que a Marie entrou na minha vida!

As outras não vingaram, mas a Marie ficou para sempre! Nos tempos de Correios nossas respostas demoravam 4 dias para chegar, mas as respondíamos no mesmo dia! A produção de cartas era intensa!

Acompanhávamos a vida uma da outra nos mínimos detalhes, as ansiedades, as descobertas, e nossas famílias começaram a se envolver, de tão importante que era a chegada de cada correspondência.

Com aproximadamente uns 5 anos de amizade, pai, mãe, irmã caçula, ela e a amiga Marília, vieram passar umas férias no Rio. Foi uma festa! Nossas famílias mataram a curiosidade e se gostaram muito. As meninas conheceram também alguns primos meus na casa do tio Angelo e da tia Ivoni e um primo do Pará se encantou com a Marília. Nos demos todos muito bem.

Resumindo: alguns anos depois meu ex-noivo e eu fomos de ônibus para Porto Alegre para sermos padrinhos de seu casamento e mais tarde, ela, Beto e as crianças vieram algumas vezes para a casa onde eu morava já com Luiz e Pedro e até passamos umas férias todos juntos em Cabo Frio com as crianças.

As notícias foram ficando mais espaçadas. Ela com três filhos, eu com um e nossas vidas profissionais dificultavam a escrita, mas o invento da internet voltou a nos deixar mais próximas sem tanto gasto de telefone – ainda bem.

Há muitos anos a Marília veio morar no Rio por um tempo, na vila da aeronáutica, na Ilha do Governador. Marie, numa vinda sozinha, nos aproximou fisicamente e a amizade, que já era alimentada por tabela, ficou mais forte.

Há três anos, fomos passar uns dias em Florianópolis, na casa da Marília, Marie indo de Porto Alegre e eu do Rio, e foi aquela delícia de encontro! Velhas amigas convivendo depois de muito tempo separadas, mas sem nunca terem perdido o fio do afeto que nos ligava através da nossa amiga em comum.

Quando o caçula da Marie, André, que estava com 18 anos, quis estudar teatro na CAL, aqui no Rio, ela e ele vieram para minha casa para arranjar tudo na escola e procurar moradia. Da minha casa ele não saiu. Afinal, não conhecia a cidade, não tinha amigos - mal nos conhecia -, mas passou a morar conosco, Pedro e eu. Sorte a nossa!

Da experiência de ser o caçula, o André passou a experimentar o que era ser o irmão mais velho, pois foi assim que o Pedro o via – e o adorava. Minha família o adotou. Aqui ele tem primos, tios e até avó!

Depois de quase um ano, de se sentir meio carioca, se deslocando com segurança e cheio de amigos, quis morar sozinho e nossos encontros passaram a ser mais raros. Ele se formou, fez algumas novelas - atualmente faz “Lado a lado”- e é um orgulho para a tia postiça!

O amor por ele é como o que tenho pela mãe dele: podemos passar um tempão longe, mas a intimidade chega junto, parece até que nos vimos ontem...

Marie acabou saindo tarde aqui de casa. A sorte é que nunca saiu da minha vida!



quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Uhul! Estou anêmica!!!

Pode parecer estranho eu comemorar uma anemia, mas quem já teve ou tem câncer, sabe que qualquer coisa que apareça, de unha encravada a caspa, o primeiro pensamento é o de ser uma recidiva.

Há mais de um mês, desde que voltei do hospital, tenho estado muito ofegante. Acabo de tomar banho e tenho que me sentar na cama para me recuperar; ando dez passos e descanso, sonho com uma cadeira a todo momento.

Tinha certeza (lá no fundo...) que a doença estava me consumindo e eu estava indo ladeira abaixo, sem muita salvação.

Ontem fui com o Pedro à consulta de rotina, meio assustada e esperando ouvir o que imaginava que estivesse me acontecendo. O Mauro Zukin não deu a menor bola! Não quis saber em que situação eu ficava ofegante, se faltava ar, nada! Respondeu direto: -“Isso é anemia”.

Uau! Pedro e eu nos olhamos e trocamos o maior sorriso de felicidade! Que alívio! Para quem estava esperando uma condenação fatal, descobrir que o que eu preciso é feijão? Essa eu tiro de letra!

A outra boa notícia é que daqui a quinze dias farei outra tomografia para ver o quanto a químio está adiantando para o pulmão e para o fígado. Dependendo do resultado, farei apenas quatro sessões de tratamento, não seis como está combinado. Imaginei de cara uma melhora da doença.

Talvez a Poliana que existe mim tenha feito essa interpretação em vez de imaginar exatamente o contrário: o exame mostrando que não estava adiantando NADA e que não valeria insistir naquele tratamento...

Impressionante como nossa cabeça funciona. De ontem para hoje já não acho que vou morrer daqui a seis meses, voltei a acreditar que ainda posso dar as aulas do curso no Núcleo, a aporrinhar a equipe, a me sentir cheia de gás e de idéias, e a resolver antigas pendências.

E com isso, vou voltando a ficar cada vez mais parecida comigo em meu estado normal. Oba!

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Encontro de primos

Na quinta-feira, dia 14, começou a semana em que fico bem e tendo a querer fazer tudo para compensar os 10 dias de pilha fraca. Já tive encontros deliciosos, mas acho que abusei e hoje amanheci num cansaço... É diferente de pilha fraca, é cansaço dos bons, daqueles pós-carnaval apesar de não ter saído em nenhum bloco ou escola de samba.

Duas amigas muito queridas, mas muito queridas, chegaram ao Rio na própria quinta: Angela Santos veio de São Paulo para o fim de semana e Marie Anne de Porto Alegre, com filha e netinha, para férias de quinze dias.

Sexta foi almoço no Zuka, com Angela e Carminha, o que rendeu um papo de quatro horas, muitas lembranças e histórias. Minha sensação era de liberdade: comi o que quis, dirigi e me senti realizada com a perspectiva de mais dez dias assim, até a outra fase sem pilha chegar.

Sábado fui tomar café da manhã com elas, Valmir, marido da Carminha, e Pedro, que me deu o prazer da sua companhia e a mordomia de ser meu motorista.

Como até então só tinha validade e autonomia para um evento por dia, me arrisquei a ir a outro à tarde, marcado há três semanas – o encontro dos primos Queiroz Varella e agregados.

Passei a tarde deitada me recuperando do café da manhã da Escola de Pão e fui! Até que fiquei firme, apesar de preferir ficar sentada e com isso perder algumas conversas de onde só se ouviam gargalhadas! Éramos 39 pessoas.
Meu pai e meus tios, todos falecidos, eram extremamente unidos, se gostavam e nós crescemos convivendo uns com os outros em, pelo menos, todos os finais de semana, além das férias e das escolas, já que algumas estudavam no mesmo colégio.

Ontem foi uma festa! Minha mãe e tia Thaís, as matriarcas, estavam cada uma mais inteira que a outra. Éramos 13 da primeira geração, 12 filhos nossos, apenas uma neta, a Sophia, e mais os maridos, esposas e namoradas.

Meu sentimento sempre foi o de pertencer, o de fazer parte desse grupo Queiroz Varella, assim como sempre senti que eles faziam parte da minha vida. A sensação de falta de cerimônia, de intimidade legítima, de ter participado da vida de todos, longe ou perto, são garantia dessa proximidade.

Quando não participávamos diretamente da vida do outro, ou sabíamos de um primo através de outro, ou por todas as nossas mães que alimentavam o elo pela troca de notícias. Hoje mesmo, domingo, sei que minha mãe vai telefonar para o Ceará e com certeza vai contar à Pixita a alegria e o prazer que foi esse encontro de ontem. Ela se encarrega de incluir o lado de lá.

As lembranças da minha infância são de alegria. Tanto em casa quanto na escola e entre os primos, tios por parte da minha família materna em Juiz de Fora também e se houve momentos de tristeza foram enterrados no inconsciente e lá ficaram. Ainda bem!

Assim são as lembranças da convivência entre primos, em várias situações, lugares e épocas, da infância até a entrada na faculdade, o que nos fez tomar rumos diferentes e diminuirmos os contatos – mas o elo continuou a existir.

Cresci ouvindo minha mãe dizer que família era o que havia de mais importante. Eu era a mais velha de nós quatro e quando mais nova não gostava de ter irmãos – era muita gente para dividir atenção.

Lembro-me perfeitamente que quando minha irmã Denise se casou, meu sentimento mudou completamente. O casamento provocou uma mudança do status dela em relação a mim, como se tivesse sido alçada a um patamar de gente respeitável, digna de atenção e que a partir daquele momento merecesse o “tratamento” de igual - cresceu, se agigantou, não era mais só a irmã menor. Eu devia me achar...

Há muito tempo que meu sentimento é o de cada vez gostar mais de ainda ter mãe, ter meus irmãos, cunhados e sobrinhos.
E por sorte e para minha alegria, consegui manter a família que veio com o Luiz, pai do Pedro, com quem tenho uma boa relação. Através do convívio consegui manter todos os vínculos conquistados, incluindo a Zilah, meus cunhados, sobrinhos, primos, tios, irmãos do Pedro e quem mais chegar!




quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Eu, Fisioterapeuta

Estou no Núcleo e é impressionante como o ar daqui me faz bem. Deveria me mudar para o sótão.

Só de saber que viria, já dormi melhor, acordei cedo e a vontade era tão grande que me fez confundir o horário - cheguei uma hora mias cedo do que deveria.

Meu ciclo de trabalho está se completando. Quando penso no tempo da faculdade, vejo que fui coerente comigo e com a vida que sonhava naquela época.

Adorava ortopedia, sempre gostei de correção postural, apesar do pouco resultado que conseguíamos na época. E tinha algumas certezas: evitar a qualquer preço trabalhar nos finais de semana e nunca deixar de tirar férias anuais.

Desde quando estudante ou trabalhando na ABBR, amava o que fazia. Meus clientes tinham grandes lesões -paraplégicos e tetraplégicos. Era um esforço enorme - por vezes eu tinha muita fé, às vezes quase certeza que um ou outro voltaria a andar. Ninguém conseguiu, apenas um criador de ovelhas de Pernambuco, que deu alguns passos, ficou na maior felicidade que alguém poderia ter – às custas de uma grande espasticidade – e que voltou para seu estado não andando, mas com o gostinho de ter conseguido dar três passos e a esperança de mais.

Até hoje tenho uma fotografia que ele me mandou de suas ovelhas. Lindas!

Até hoje tenho uma fotografia que ele me mandou de suas ovelhas. Lindas!

Outro cliente internado na ABBR era conhecido pelo apelido, Beleza, e como a maioria internada, era bem humilde. Um belo dia, chegou para o atendimento todo feliz, dizendo que havia ganho um tratamento nos EUA, na clínica Mayo, Flórida, EUA, referência em fisioterapia e o sonho de todos os clientes.

O problema, dizia ele, é que não poderia viajar sozinho e que necessitaria de um profissional para acompanhá-lo. Eu poderia? Lógico! O negócio era urgente e em duas semanas seria nosso embarque.

Sem falar inglês, sem passaporte e funcionária contratada do hospital, lá ia eu!

Acabei seu atendimento e fui direto para a sala do diretor da ABBR, um senhor muito gentil – não me lembro o nome dele agora – pedindo que me dispensasse porque eu iria viajar, que não poderia perder tempo e lhe contei o caso na maior excitação! Mal conseguia me explicar, tamanha euforia!

Ele ouviu atentamente (hoje entendo seu olhar de adulto experiente pensando - “Senhor, ela não sabe o que diz...”), fez várias perguntas pertinentes às quais eu não soube responder a nenhuma. Concluiu me aconselhando a continuar a trabalhar, que aguardasse os acontecimentos e que SE alguma coisa se concretizasse, ele me deixaria partir imediatamente. Mas nada de pedir as contas naquele instante. E que voltasse ao trabalho.

Ficamos as duas semanas seguintes na maior expectativa, fazíamos planos, o dia do embarque chegando, e nada. Nem o Beleza nem eu fomos a lugar algum. Mantive meu emprego na ABBR e ele continuou anos por lá.

Em 1980 conheci a Antiginástica de Thérèse Bertherat através de seu livro “O corpo tem suas razões” e me apaixonei pelo método. Excluindo a parte psicológica comecei a aplicar com os clientes os exercícios que ela propunha. Foi um sucesso! Nunca havia conseguido resultados tão rápidos e visíveis!

Na época era sócia de minhas amigas Lúcia, Alcione a Celinha, em Copacabana. Era um tempo em que a Terapia Reichiana se tornava mais difundida no Brasil e outros métodos e técnicas novas chegavam a cada dia.

Como morava na Tijuca e já detestava engarrafamento (que saudades daquele trânsito de então...), resolvi sublocar um espaço e montei um grupo perto de casa. Em três meses estava com três turmas cheias e decidi partir para um local onde pudesse me expandir.

Aluguei a sala da rua Soriano de Souza, minha mãe virou secretária, ficou por 10 anos e assim começou a clínica. Foi um sucesso imediato, porque não havia quem fizesse esse trabalho na Tijuca, nada de concorrência, só na zona sul, como várias amigas que fizeram parte deste grupo pioneiro.

Eu gostava tanto de trabalhar com grupos, mas tanto, que por um bom tempo minha análise tratou da culpa que sentia por me divertir muito, rir demais, fazer vários amigos e ainda por cima ganhar dinheiro com aquilo!

Houve uma época em que não conseguia dar conta da demanda – chegou a haver uma fila de espera de mais de 200 nomes.

Pela enorme procura fui convidando algumas pessoas para trabalharem comigo e esse foi o início do que é hoje o Núcleo. Valéria e eu estamos juntas há 26 anos, Cristina há 23, Rachel e Flávia há 12 e assim foi. Na equipe de hoje somos 10 fisioterapeutas, uma administradora e quatro funcionárias.

Fui fiel aos meus sonhos. Trabalhei sempre com ortopedia e correção postural, nunca trabalhei em fins de semana, jamais deixei de tirar férias e continuo a me divertir muito!

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Flávia, minha irmã

Hoje faz 7 anos que minha irmã caçula, Flávia, faleceu – 13 de fevereiro de 2006. Tinha 46 anos.

Começou a não se sentir bem logo depois do Natal, sentia-se super mal, não queria comer nada o que, no caso dela, era um sinal de que alguma coisa ia MUITO errada!

Nossa fada-madrinha, a homeopata Fátima Vervloet, examinou-a, não gostou muito do que sentiu e pediu logo um ultra-som - não tenho certeza de que o exame tenha sido esse.

Foi diagnosticado um câncer de fígado.

Ela e minha mãe se mudaram para minha casa e ela piorava a cada dia. Já não queria ficar nem sentada, só deitada, sem vontade alguma de se alimentar, de conversar, de nada!

Quem a conheceu sabe o quanto ela era esperta, apesar da sua deficiência intelectual – Flávia sofreu anóxia na hora do nascimento e teve paralisia cerebral, mas era muito independente. Não sabia ler nem escrever, mas fazia algumas compras na padaria, tomava o ônibus certo para ir até a Praça Saes Peña para pegar a condução da APAE, tinha suas manias e era muito, mas muito engraçada! E esperta!

Um dia, nessa época em que esteve lá em casa, pediu um remédio para melhorar – coisa impossível naquela situação. Decidi lhe dar umas balas de TIC-TAC sem que ela percebesse o que era. Ainda pedi que não as mastigasse. Depois de comer as pastilhas, virou-se para mim e pediu: -“ Me dá mais um remedinho TIC-TAC?” Foi uma gargalhada só!

Resolvemos contratar enfermeira para dormir com ela, pois passávamos o dia ao seu lado atendendo no que quer que fosse e à noite estávamos exaustas.

Um dia ela estava se sentindo muito mal e não conseguia mais ficar de pé. Nossa irmã Denise e eu a colocamos em uma cadeira de rodinhas de escritório e, junto com a mamãe, a levamos para o Barra D’Or. Passamos a tarde com ela, na emergência, mas à noite conseguiram uma vaga para internação no Hospital São Sebastião, em Laranjeiras. Fui junto na ambulância e ela estava muito incomodada com o sacolejar e a sirene.

Não tínhamos a noção da gravidade até que a Fátima Vervloet chegou, leu o exame de sangue feito naquele dia e nos disse que era muito grave, que seria uma questão de pouco tempo. Quanto? No máximo algumas horas...

Menos de duas horas depois Flávia faleceu.

Exatamente no ano seguinte, dia 13, faleceu meu compadre Aníbal, marido da Nany, pai da Rachel e do Sandro, de quem ela gostava muito. Eu tive certeza absoluta que ela o receberia com sua risada e fazendo muita festa, como era seu jeito feliz de sempre!

Muita saudade de você, Fifa.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Agora com fotos

Denise deu a ideia de ilustrar com fotos as minhas histórias.
Seguem a fachada verde antiga do Núcleo e a atual, laranja, depois da compra da casa e da reforma.
As outra são do nosso apartamento, aquele que permitiu a compra do Núcleo.
Gente, estou optando por não responder invididualmente aos comentários, mas tenho lido e adorado cada um deles. Muito obrigada!










domingo, 10 de fevereiro de 2013

Balanço geral - parte 2

Reli o que já escrevi até agora. Dá uma sensação enorme de incompletude; parece que é um release dos assuntos, que nada está direito e dá vontade de completar cada frase, cada história.
Tanto o que contar... só que isso não é uma biografia, é um “boletim médico” e uma vontade de continuar.

Quando contei da compra do apartamento, apesar de falar da rapidez como foi decidida, não consegui transmitir a urgência do sentimento e a necessidade premente de nos acomodar em um lugar para chamar de nosso.
Estava conversando com uma cliente, Irene Duarte, na fila do banco e passava um pouco de meio-dia, quando a conversa me fez sentir o pânico de resolver tudo logo. No final da tarde, me encontrei com Pedro e começamos a busca, que durou apenas duas horas, até decidirmos a escolha. Novembro de 2007.

Coloquei meu aprendizado de Design, com alguma ajuda, em prática, e depois de um tempo de reforma, obra, sujeira e quase falência, lá estávamos nós na nova casa, de onde jurava que jamais sairia! Doce ilusão. Eu acreditava, de verdade, que seria a última mudança, mas, por trás, meus irmãos fizeram uma aposta de que seriam, no máximo, dois anos. Erraram por um: demorei três.

Durante a época da faculdade de Design, já no primeiro semestre, me meti a ajudar uma amiga com quem nem tinha tanta intimidade, mas que acabamos virando amigas de infâncias e “fundamos” a B&B – Bárbara & Bia Reformas. Bolamos a nova planta e tocamos a obra dos filhos dela. A gente se achava... Não sei quem era a mais maluca!

No fim do ano Celso e Terezinha, amigos muito queridos, reformaram o apartamento inteirinho – e esse era de respeito – com a ajuda de quem? Da metida que vos escreve e que dava palpite em tudo!

A terceira obra foi a minha, a do tal apartamento. Foi o lugar onde mais amei morar! Pequeno, bem decorado, lindo e aconchegante!

Enquanto tudo isso acontecia eu continuava a trabalhar, diminuindo meus atendimentos com clientes, mas estava sempre na clínica, que nessa época ainda não se chamava Núcleo.

O trabalho era - sempre foi - uma grande fonte de prazer, de alegria, de satisfação. Como a equipe estava crescendo, surgiu a vontade de criar uma estrutura maior, mais bem montada, mais profissional. Afinal, desde o início administrei com o jeito, conhecimento e alma de fisioterapeuta.

Quando Pedro estava na faculdade de Administração começou a me perguntar sobre a clínica e ficava impressionado: como podia dar certo daquela maneira?Foram inúmeras perguntas e respostas insatisfatórias. Até que me apresentou a um professor e fiquei sabendo da existência de um tal Plano de Negócios! Marcus Vianna chegou à clínica, fez reuniões semanais por quatro meses com toda a equipe e lá pelas tantas me deu um xeque-mate: ou eu contratava alguém para administrar ou... nem sei que seria a outra opção, mas foi quando a Tânia Salgueiro chegou às nossas vidas.

A essa altura, já havia nascido o Núcleo Angela Beatriz Varella.

Como num Plano de Negócios, criamos metas, que, no fundo, tinha certeza que não chegaria a cumprir, mas não confessava. Não seria eu a desanimar a equipe. A maior delas seria partir para um novo espaço, tanto maior quanto mais bem localizado. Eu não tinha a menor condição de trocar a casinha da clínica na Rua Henry Ford por algo mais imponente. Mas acabei trocando. Em fevereiro de 2011, fui almoçar no Turino, na Rua Santa Sofia, com a Lucy R., Inês Santos e Carmem Moreno. No meio da refeição me perguntaram se eu havia visto a placa de VENDE-SE na casa em frente. Nem reparei e nem fiquei curiosa. Sou muito pé-no-chão. Não queria nem saber o que era...

Quando saí fiquei impressionada com a casa à venda: era linda, enorme, jardim na entrada, garagem para mais de um carro, dois andares... um sonho! Insistiram e anotei o telefone. Dois dias depois, me encontrei com o corretor, Rodrigo, e conheci o imóvel. Minha sensação era de que era meu número! Bastaria pintar as paredes, que eram todas coloridas de cores fortes, fazer a mudança e ser feliz! Outra doce ilusão.

Na quinta-feira, levei a equipe toda para lá e foi um auê! Elas ficaram elétricas, todas falando ao mesmo tempo, fazendo reformas imaginárias e nem sei mais o quê. Acho que fiquei mais calada, observando e tentando equacionar a troca de uma casinha pequena por algo tão grandioso!

De lá, voltamos para a clínica e o Rodrigo ficou duas horas conversando comigo, com a Tânia e com a Valéria, contatando gerente de banco, fazendo as contas e simplesmente constatando que não daria. Depois de muita conversa ele só via uma solução: eu teria que vender o apartamento onde morava e a casa da Henry Ford. Meu coração estava apertado.

Em casa conversei com o Pedro, meu filhão, que deu a maior força para eu conseguir ter a casa de trabalho em que sonhava. E assim viramos, mais uma vez, uma família de sem-teto.

No dia seguinte, coloquei o apartamento à venda: precisamos apenas de uma semana.

Nessa mesma sexta-feira, uma semana depois de ter visto o cartaz de "vende-se", dei um sinal simbólico na casa, que por sorte estava à venda há algum tempo.

Deu tudo certo, as vendas/compras aconteceram no prazo e, eu que achava que iria só dar um pintura, quase coloquei a casa abaixo e fiz outra. Foram muitas reformas, do telhado a cada detalhe, mas valeu a pena! Dia 29 de julho de 2011 inauguramos o Núcleo Angela Beatriz Varella, com a inestimável ajuda e competência do Fernando Bento e sua equipe, que ainda acelerou um mês o final da reforma. Foi uma correria e um estresse grandes.

Nessa época, fazia quimioterapia pela quarta vez na vida! Havia começado no final de 2010 e desta vez fui até meados de 2012.

Como diria o Rei, foram tantas emoções...

sábado, 9 de fevereiro de 2013

Carnaval

Ainda não dá para brincar o carnaval, mas a sorte é que já pulei muitos outros ao longo da vida!

Quando era adolescente, em Paquetá, Julia, Nirvanda, Bethinha e eu passávamos meses fazendo nossas fantasias - ai, meu Deus! Tão pudicas! Brincávamos de dia nos blocos de sujo pelas ruas e à noite no Iate Clube.

Enquanto driblávamos dona Maria Julia, que começava a nos procurar muito mais cedo do que desejávamos, a Célia e o Délio nos davam uma boa margem...

Nessa época eu tinha, então, tanta certeza que ficaria velhinha dentro de um baile de carnaval, que hoje acho até graça! A lembrança desse tempo pleno de adolescência, de sonhos e planos foi chegando de maneira tão sorrateira, que ainda hoje me fez sorrir.

Tudo tem sua hora, as vontades passam, os interesses mudam e milhões de coisas deixam de ter importância. A sorte é que há tempo para tudo, que a nossa visão do mundo se modifica, se adapta e poderemos sempre descobrir novas experiências enquanto vivermos.

Hoje, para mim, é tempo de descanso, de recolhimento e de apreciar os que chegaram há pouco, que têm muita energia e juventude e muito, muito ainda o que viver.

Bom carnaval!

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Balanço geral - parte 1

Hoje faz exatamente um mês que minha irmã Denise e eu fomos à consulta com o Mauro Z., quando descobrimos que o câncer havia avançado e que recomeçaria a quimioterapia.

Fiquei fazendo um balanço desses últimos tempos e me impressionei com o tanto de coisas que ocorreram desde então. Parece até que já se passou muito, mas muito mais tempo apenas nesse começo de 2013. É só reler esse blog, que aliás, tem só 2 semanas!

Fatimadrinha, como Pedro a chama, conversando hoje de manhã comigo, disse que outro dia estava dando notícias minhas para alguém que não me vê há bastante tempo e ela mesma se impressionou com o que já fiz desde o primeiro diagnóstico - caraca! Fiz mesmo!

O melhor de tudo é saber o quanto o Pedro está bem e que talvez minha atitude não derrotista deve tê-lo influenciado.

Lá atrás, há 8 anos, foi o susto, mas quando as ações foram logo tomadas, como cirurgia, medicação e quimio, a vida voltou ao rumo.

Um ano depois, quando tive a metástase óssea e o prognóstico de, no máximo, um ano de vida, aí o bicho pegou. De todo esse tempo, foi a parte mais difícil de suportar. Na minha cabeça e no meu peito não cabiam mais nada. A finitude tomou conta de mim - e o desespero também.

Mauro Zukin, meu médico antenado e querido, falou de um medicamento novo mas que eu teria que entrar na justiça para obtê-lo.

Essa história é muito linda e deixo para contar em outro dia, mas saibam que sobrevivi graças à "corrente-da-Bia", criada para comprar o tal Tarceva, milagre em forma de comprimido.

No fim do ano, na véspera daquele natal de 2006, achei que iria enlouquecer. Precisava de algo que interrompesse meu pensamento e tinha que ser urgente!

Procurei psiquiatras do plano, por sorte uma topou trabalhar e me atendeu no dia 23 de dezembro - foi minha salvação emocional. Comecei a tomar um antidepressivo, novidade para mim, e a situação melhorou muito. Pelo menos ficou suportável porque antes eu sentia como de sobrevivesse às raias do insuportável. É muito ruim saber que se vai morrer logo - não recomendo a ninguém.

Para se ter uma ideia, entrei 2007 muito mais animada, sensação de bola para frente e em fevereiro resolvi estudar e começar a faculdade de Design de Interiores, assunto pelo qual sempre me interresei.

Foi a melhor coisa que fiz! Amava meus colegas, meus professores, as matérias e adorava ir para a "escolinha". Não perdia uma dia de aula!

Lá pelas tantas, quando vi que não morria mesmo, e que me sentia cada vez melhor, contei à turma sobre o prognóstico e que era para estar morrendo naquela época. Em seguida fizeram uma festa-surpresa chamada "Festa tô viva"! Foi uma delícia comemorar a vida!!!

Como estava super bem e me sentia ótima, organizei e consegui ministrar lá no Núcleo 6 cursos ao longo daquele ano. Eles bombaram! Deve ter corrido a notícias que eu estava para morrer e acho que os colegas se apressaram para se inscrever antes que fosse tarde demais... Deu até para juntar um dinheirinho, coisa que nunca havia feito antes.

O objetivo, então, era arranjar uma casa para morar, para não deixar que meu filho virasse um sem-teto, caso eu morresse. Lógico que nessa altura eu me sentia mais viva que sempre, mas... vai que...

Apesar de morar de aluguel, o mais duro foi a decisão de me desfazer de Cabo Frio, minha casinha tão amada, onde vivi muita coisa linda, onde fiz grandes amigos e onde Pedro viveu e aproveitou muito desde seus 6 anos.

E assim foi. Um belo dia, em novembro de 2007, decidi que estava na hora. Em vez de juntar o suficiente para comprar o apê que imaginava, inverti a ordem. Iria comprar um menor, com o dinheiro que tinha, no mesmo quarteirão onde já morávamos.

Naquele dia nos encontramos, Pedro e eu, às 17h, fomos perguntando a todos os porteiros se havia algum vago e no terceiro apartamento que conhecemos, nos entre olhamos ao entrar nele e antes da 7 da noite fechamos negócio. Não podia mais perder tempo. Tudo virava urgente.

[...]

Nossa! Não pensei que esse revival ainda fosse tão forte! Posso continuar amanhã?

...
FOTO: Festa tô viva!!!

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Novamente de bem

Fiquei dois dias sem escrever.
Ontem fiquei me sentindo tão sem força, que me sentar em frente ao computador era um sacrifício - estar deitada ainda era a melhor opção.

Acho que gastei força demais no aniversário da Dê - minha cota de gasto é uma por dia e como já a havia gasto pela manhã, indo ao COI, acabei entrando pela poupança!

Hoje amanheci muito melhor e me arrisquei a uma estrepolia, que há mais de uma mês evitava: tomei café! Quem me conhece sabe o quanto aprecio a bebida pela manhã, portanto, foi um avanço! Será que foi por causa desse néctar que o ânimo voltou a toda? Vá saber.

Ontem foi a última injeção de Granulokine e minha irmã querida, Denise, me acompanhou. São quase 3 horas no trânsito para ir e voltar e 3 segundos para o procedimento. Estou torcendo para o Mauro Zukin achar que não vou precisar mais na próxima químio. Só penso nos engarrafamentos quando as escolas recomeçarem - ninguém merece!

Outro dia conversei com a Lucy R. pelo telefone e ela comentou sobre o fato de eu ter ficado de mal com Deus. Apesar de já me sentir estar ficando de bem, me sentia meio constrangida por ter virado as costas aos céus e de repente esquecer tudo como se nada tivesse acontecido...

Naquela noite fiz as pazes com Deus, com meus santos e protetores e me senti novamente "acompanhada", o que me fez sentir uma alegria enorme! Valeu, Lucy!

Em relação a viagens, nunca na minha vida de quase 59 anos programei o que quer que fosse. As oportunidades iam surgindo e lá ía eu! Pois dessa vez não foi assim: como Pedro entraria de férias em fevereiro, o convidei para viajar comigo, o que topou na hora! E em novembro resolvi passagens e hoteis. Só faltava aguardar o dia. Embarcaríamos no dia do meu aniversário, 24 de fevereiro, para Paris e Barcelona. Estava adorando a ideia de apresentar Paris ao Pedro, mas ...


Me dei mal!


Quem mandou resolver muito antes da data? Apesar do Mauro Z. ter me dado um atestado para pedir cancelamenro, sem multa, do bilhete aéreo e dos hoteis, vou ter que pagar a multa da passagem do Pedro. Da minha talvez seja liberada. Os hoteis não aliviaram o pagamento. Quis economizar comprando as diárias não reembolsáveis, mas o Booking.com não perdoou apesar de laudos e históricos. Fica a lição!

O foco agora é o tratamento, mas ainda quero viajar muito depois disso. Ainda vou longe!!! Me aguardem!

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Foi à festa!

Pedro falando:

Cheguei em casa agora e encontrei uma mãe já dormindo e com voz fraquinha, o que obviamente me preocupou. Mas conversando por 10 segundos, constatei que não é nada além do que já vinha acontecendo, da energia estar bem baixinha.

Ontem à noite, com os mesmos sintomas, porém em menor grau, fomos à comemoração surpresa de aniversário da minha tia Denise, irmã da minha mãe. Ainda que tenha sido com o banco do carona meio deitado, minha mãe fez questão de sair de casa e ir à Barra de carro para estar lá na hora da recepção. Minha tia adorou a surpresa da presença dela (certo, tia?) e eu ainda mais o fato de ela ter estado disposta o suficiente, mesmo cansada, para sair de casa por isso.

Os enjoos continuam desaparecidos e de fato é muito melhor assim. Só a ausência deles já a anima de uma forma incrível. Ontem, por exemplo, declarou que eu deveria devolver o carro dela, que tenho usado esses dias, pois ela já vai querer novamente tê-lo à disposição para umas voltinhas quando quiser.

Quem diria...

Enfim, mais um dia bom, mesmo que em casa - exceto pela última injeção de Granulokine, no início da tarde, no Rio Sul.

Para finalizar, obrigado a vocês, visitantes esporádicos e recorrentes, que ultrapassaram a marca de 1.000 passagens por aqui em menos de 2 semanas de blog. Esse número tem surpreendido muito e positivamente a minha mãe, que se anima sempre com a força que vem recebendo de tanta gente. Voltem sempre e, por hoje, uma boa noite!

:)

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Quarto dia

Pedro falando:

Para saberem notícias: já estamos no quinto dia da segunda sessão de químio e a expectativa era que ela não estivesse 100% desde ontem. Nas outras vezes, o quarto dia era crucial, onde os efeitos começavam.

No entanto, o "não 100%", que veio ontem mesmo, está tranquilo dessa vez. Energia ela não tem muita, mas de enjoo também não tem NADA! Só diz que "tenho preferido ficar deitada". Mas também, pudera... eu nunca fiz nenhuma químio e essa sempre foi minha posição predileta!! Longe de estar mal, certo? ;)

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Para a vida

Hoje foi mais uma ida ao COI, onde minha irma Denise, que tem sido uma grande companheira, me acompanhou.

Ontem, conversando com a Fátima, madrinha do Pedro, fui percebendo o quanto estou bem, em paz e o quanto o peso nas minhas costas diminuiu! E o responsável é meu filho, que atualmente a madrinha chama de meu Granulokine emocional!

Há 8 anos, quando descobri o câncer, o meu grande desespero era o medo de deixar um filho de 18 anos, ainda em formação e sem estar pronto para a vida.
Ao longo dos anos, cada vez que levávamos um susto em relação à saúde - e já foram 5... a dor era a mesma, mas a vida foi nos mostrando como tudo se acomoda, se ajeita e a solução vai surgindo aos poucos.

E assim foi: Pedro cresceu e hoje tem uma atitude participante, envolvido com tudo, postura madura, companheiro, amigo e, realmente, fazendo parte do desenrolar do processo.

Em 2006, quando achei que, pela previsão, viveria no MÁXIMO um ano, fiz o que pude para esconder dele o fato e fiz o possível para evitar seu sofrimento anunciado.

Não me dei conta do quanto isso drenava minha energia, mas era impossível não querer protegê-lo. O amor por um filho não se explica e quem for mãe vai entender o que digo.

De um mês para cá, após a notícia de uma recaída que culminou com o recomeço da quimioterapia e com a internação, alguma coisa foi se ajeitando dentro de mim e o peso foi sumindo.
Percebi que meu filho cresceu! Está pronto para a vida!

O sofrimento que sente - naturalmente o sente -, não o derruba, não o deixa ficar negativo ou para baixo. Ele está de frente para a situação, encarando o que vier e tomando atitudes mais do que adequadas a cada momento.

Obrigada, Pedroca, eu amo muuuuuuuuuuito você e o admiro como não pode nem imaginar!

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Glaucia

Pedro falando:

Curiosa essa perspectiva da vida que certas situações nos fazem ter. Engraçados também os diferentes modos com que podemos enxergar os mesmos problemas.

Estamos nesse momento no COI e minha mãe está ali dentro (eu saí para escrever) conversando com a Glaucia enquanto aguardam para receber a injeção de Granulokine. Vimos a Glaucia pela primeira vez ontem, mas somente hoje a conversa engatou.

Ela tem 30 anos e com 29 descobriu um câncer de mama. Abatida? Entregue? Não, muito pelo contrário. Somente, claro, pelos efeitos do tratamento, mas não de cabeça.

Minha mãe, que todos nós conhecemos, estava comentando com a Glaucia que em 8 anos de COI, conversou com muito pouca gente (umas 3 pessoas) Aqui dentro. Compreendo, porque a postura "natural" dos pacientes é a desistência, a fraqueza. É carregar um tipo de sentimento que, particularmente, não queremos perto da gente. Raros são os que, como elas, entendem que a aparição desse percalço pode ser somente um sinal da vida para que mudemos o jeito de vivê-la.

A Glaucia comentou com a minha mãe que ficou impressionada com a luz que ela tinha. Ok, eu também fico. Mas, Glaucia, saiba que também ficamos FELIZES em te conhecer e ver que você sabe que aos 31 anos isso tudo será somente passado e mais uma etapa vencida na vida. A luz da minha mãe é dela, mas também se intensifica com pessoas como você.

Um beijo!

sábado, 2 de fevereiro de 2013

De mal com Deus

Aos poucos a lembrança me veio: no dia da minha internação estava me sentindo tão mal, tão fraca e sem forças até para levantar a cabeça do travesseiro, que decidi que queria morrer. Sempre tive pavor de ficar dependente, de dar trabalho, de sofrer e trazer sofrimento, muito mais medo do que da própria morte.

Decidi que queria me suicidar. Para pensar em suicídio, decidi, em um segundo, que não poderia acreditar em mais nada, que a morte seria o fim em si e que não haveria limbo ou inferno, para os quais, com certeza, eu seria enviada se concretizasse meu desejo.

Fiquei de mal com Deus, com todos os santos, com meus guardiões que sempre achei que me protegeram ao longo da vida e que não deviam existir mesmo, enfim, acreditei, de verdade, que isso tudo era invenção humana.

Mas como concretizar meu desejo momentâneo? Nenhuma ideia me agradava, pelo contrário, me horrorizava, ou seria de difícil execução, no estado em que me encontrava, mas só a decisão de morrer, se quisesse, sem sofrer punição eterna, me trouxe um alento enorme, a paz que precisava sentir naquele leito de UTI.

A sensação era de ser dona da minha vida e da minha morte, e que não precisaria ficar refém da doença.

Isso passou na medida em que melhorava, o corpo reagia e eu voltava a sentir vontade de viver, de continuar, de fazer muita coisa, de ainda ir longe!

Quando Pedro falou do blog e quis pensar no nome, a primeira coisa que me veio à cabeça foi AINDA VOU LONGE - e, junto, ele colocou a foto da Praia do Peró, onde sabe que é o lugar no mundo aonde mais AMO caminhar, ainda mais que sempre foi acompanhada de muita gente querida, amigos de uma vida. Me aguardem!

Granulokine

Bom dia!

Hoje começamos a vir, por 5 dias seguidos, no COI para ela tomar a injeção do Granulokine, a tal substância preventiva contra queda de imunidade. Ela preferiu vir à Barra (só no final de semana) para fugir do trânsito dos blocos da zona sul.

Olhem a foto e digam: ela tá bem ou nao tá??

;)

Bjs e bom sábado!

Foi hoje e foi tranquilo!

Amigos,

Pedro falando. A químio foi hoje de manhã e desde o início foi tudo ótimo. Ela tinha pedido maca para fazer a aplicação deitada, mas nem precisou: preferiu ficar sentadinha conversando com a minha tia Denise. Também recebeu visita da Marize Therezinha durante o procedimento e saiu bem animada!

Disse que o dia foi ótimo também, e eu acredito: a voz está forte, resolveu mil coisas durante a tarde, marcou até um curso para ministrar em julho!!! E agora, enquanto eu estou indo dormir, ela ainda está na sala toda elétrica...

Que tudo continue assim!!! Vamos torcer!!!!

Bjs!!