sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Balanço geral - parte 1

Hoje faz exatamente um mês que minha irmã Denise e eu fomos à consulta com o Mauro Z., quando descobrimos que o câncer havia avançado e que recomeçaria a quimioterapia.

Fiquei fazendo um balanço desses últimos tempos e me impressionei com o tanto de coisas que ocorreram desde então. Parece até que já se passou muito, mas muito mais tempo apenas nesse começo de 2013. É só reler esse blog, que aliás, tem só 2 semanas!

Fatimadrinha, como Pedro a chama, conversando hoje de manhã comigo, disse que outro dia estava dando notícias minhas para alguém que não me vê há bastante tempo e ela mesma se impressionou com o que já fiz desde o primeiro diagnóstico - caraca! Fiz mesmo!

O melhor de tudo é saber o quanto o Pedro está bem e que talvez minha atitude não derrotista deve tê-lo influenciado.

Lá atrás, há 8 anos, foi o susto, mas quando as ações foram logo tomadas, como cirurgia, medicação e quimio, a vida voltou ao rumo.

Um ano depois, quando tive a metástase óssea e o prognóstico de, no máximo, um ano de vida, aí o bicho pegou. De todo esse tempo, foi a parte mais difícil de suportar. Na minha cabeça e no meu peito não cabiam mais nada. A finitude tomou conta de mim - e o desespero também.

Mauro Zukin, meu médico antenado e querido, falou de um medicamento novo mas que eu teria que entrar na justiça para obtê-lo.

Essa história é muito linda e deixo para contar em outro dia, mas saibam que sobrevivi graças à "corrente-da-Bia", criada para comprar o tal Tarceva, milagre em forma de comprimido.

No fim do ano, na véspera daquele natal de 2006, achei que iria enlouquecer. Precisava de algo que interrompesse meu pensamento e tinha que ser urgente!

Procurei psiquiatras do plano, por sorte uma topou trabalhar e me atendeu no dia 23 de dezembro - foi minha salvação emocional. Comecei a tomar um antidepressivo, novidade para mim, e a situação melhorou muito. Pelo menos ficou suportável porque antes eu sentia como de sobrevivesse às raias do insuportável. É muito ruim saber que se vai morrer logo - não recomendo a ninguém.

Para se ter uma ideia, entrei 2007 muito mais animada, sensação de bola para frente e em fevereiro resolvi estudar e começar a faculdade de Design de Interiores, assunto pelo qual sempre me interresei.

Foi a melhor coisa que fiz! Amava meus colegas, meus professores, as matérias e adorava ir para a "escolinha". Não perdia uma dia de aula!

Lá pelas tantas, quando vi que não morria mesmo, e que me sentia cada vez melhor, contei à turma sobre o prognóstico e que era para estar morrendo naquela época. Em seguida fizeram uma festa-surpresa chamada "Festa tô viva"! Foi uma delícia comemorar a vida!!!

Como estava super bem e me sentia ótima, organizei e consegui ministrar lá no Núcleo 6 cursos ao longo daquele ano. Eles bombaram! Deve ter corrido a notícias que eu estava para morrer e acho que os colegas se apressaram para se inscrever antes que fosse tarde demais... Deu até para juntar um dinheirinho, coisa que nunca havia feito antes.

O objetivo, então, era arranjar uma casa para morar, para não deixar que meu filho virasse um sem-teto, caso eu morresse. Lógico que nessa altura eu me sentia mais viva que sempre, mas... vai que...

Apesar de morar de aluguel, o mais duro foi a decisão de me desfazer de Cabo Frio, minha casinha tão amada, onde vivi muita coisa linda, onde fiz grandes amigos e onde Pedro viveu e aproveitou muito desde seus 6 anos.

E assim foi. Um belo dia, em novembro de 2007, decidi que estava na hora. Em vez de juntar o suficiente para comprar o apê que imaginava, inverti a ordem. Iria comprar um menor, com o dinheiro que tinha, no mesmo quarteirão onde já morávamos.

Naquele dia nos encontramos, Pedro e eu, às 17h, fomos perguntando a todos os porteiros se havia algum vago e no terceiro apartamento que conhecemos, nos entre olhamos ao entrar nele e antes da 7 da noite fechamos negócio. Não podia mais perder tempo. Tudo virava urgente.

[...]

Nossa! Não pensei que esse revival ainda fosse tão forte! Posso continuar amanhã?

...
FOTO: Festa tô viva!!!

7 comentários:

  1. Nossa!! To doida pra história continuar! rsrsr
    Bjo, Mari

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  2. Angela querida, adorei saber do blog e que agora eu e minha mãe teremos um canal de comunicação com você.

    Você tem uma energia maravilhosa e com certeza contará com a nossa! Já visualizo nosso almoço no Lebon!! =)

    bjs com mt força e energia Mari (filha da Vera - Aloha)

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  3. Anginha, o que mais me encantou em voce, sempre, foi essa energia positiva, vontade e alegria de viver. Pode ter certeza que isso é um exemplo para todos nós.Estou torcendo por voce. Bjs no coração.
    Claudia

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  4. OI amiga!!!
    To na correria de finalizar coisas pois dia 14 estamos chegando aí!!Prepara uma energia extra para conheceres a Amandinha!!!E mais um pouquinho para o papo com a amiga!!rrsrsr..melhor ainda se for regado a bolinho de vovó Nilza!!!Beijossss amiga!!te ligo qd chegar!!O blog da muito legal ,vamos sabendo de ti sem precisar te incomodar no telefone ou querendo emails...como dizes,estas coisas de internete se ve quando se pode e se responde quando dá..rsrsrrs!!!carinho amiga querida!!!Ahhh,botei uma foto da Amandinha no face,pede para o Pedro te mostrar!Bjs ,Marie

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  5. Bem que eu disse:a história é tão longa que só em capitulos vc poderá dar conta.
    Tive vontade e vou recomendar a leitura deste blog ao nosso querido Paulo de Biasi - penso que ele vai gostar.
    Bom carnaval pra todos nós!

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  6. Oi Bia, não a conheço mas sei um pouquinho da sua história pelo Mauro. Gostei muito de visitar o blog e acompanhar a evolução dessa fase de tratamento.
    Pude perceber como sua energia é boa, como é bom encontrar pessoas que desejam o melhor com brilho no olhar e como é melhor ainda partilhar tanto amor e carinho com a familia.

    Se a conhecesse gostaria de lhe dar uma grande abraço e um beijo cheio de admiração e energias positivas.

    Aline

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  7. Você pode qual quer coisa!
    Vou aguardar os próximos capítulos. Beijosss... :)

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