domingo, 10 de fevereiro de 2013

Balanço geral - parte 2

Reli o que já escrevi até agora. Dá uma sensação enorme de incompletude; parece que é um release dos assuntos, que nada está direito e dá vontade de completar cada frase, cada história.
Tanto o que contar... só que isso não é uma biografia, é um “boletim médico” e uma vontade de continuar.

Quando contei da compra do apartamento, apesar de falar da rapidez como foi decidida, não consegui transmitir a urgência do sentimento e a necessidade premente de nos acomodar em um lugar para chamar de nosso.
Estava conversando com uma cliente, Irene Duarte, na fila do banco e passava um pouco de meio-dia, quando a conversa me fez sentir o pânico de resolver tudo logo. No final da tarde, me encontrei com Pedro e começamos a busca, que durou apenas duas horas, até decidirmos a escolha. Novembro de 2007.

Coloquei meu aprendizado de Design, com alguma ajuda, em prática, e depois de um tempo de reforma, obra, sujeira e quase falência, lá estávamos nós na nova casa, de onde jurava que jamais sairia! Doce ilusão. Eu acreditava, de verdade, que seria a última mudança, mas, por trás, meus irmãos fizeram uma aposta de que seriam, no máximo, dois anos. Erraram por um: demorei três.

Durante a época da faculdade de Design, já no primeiro semestre, me meti a ajudar uma amiga com quem nem tinha tanta intimidade, mas que acabamos virando amigas de infâncias e “fundamos” a B&B – Bárbara & Bia Reformas. Bolamos a nova planta e tocamos a obra dos filhos dela. A gente se achava... Não sei quem era a mais maluca!

No fim do ano Celso e Terezinha, amigos muito queridos, reformaram o apartamento inteirinho – e esse era de respeito – com a ajuda de quem? Da metida que vos escreve e que dava palpite em tudo!

A terceira obra foi a minha, a do tal apartamento. Foi o lugar onde mais amei morar! Pequeno, bem decorado, lindo e aconchegante!

Enquanto tudo isso acontecia eu continuava a trabalhar, diminuindo meus atendimentos com clientes, mas estava sempre na clínica, que nessa época ainda não se chamava Núcleo.

O trabalho era - sempre foi - uma grande fonte de prazer, de alegria, de satisfação. Como a equipe estava crescendo, surgiu a vontade de criar uma estrutura maior, mais bem montada, mais profissional. Afinal, desde o início administrei com o jeito, conhecimento e alma de fisioterapeuta.

Quando Pedro estava na faculdade de Administração começou a me perguntar sobre a clínica e ficava impressionado: como podia dar certo daquela maneira?Foram inúmeras perguntas e respostas insatisfatórias. Até que me apresentou a um professor e fiquei sabendo da existência de um tal Plano de Negócios! Marcus Vianna chegou à clínica, fez reuniões semanais por quatro meses com toda a equipe e lá pelas tantas me deu um xeque-mate: ou eu contratava alguém para administrar ou... nem sei que seria a outra opção, mas foi quando a Tânia Salgueiro chegou às nossas vidas.

A essa altura, já havia nascido o Núcleo Angela Beatriz Varella.

Como num Plano de Negócios, criamos metas, que, no fundo, tinha certeza que não chegaria a cumprir, mas não confessava. Não seria eu a desanimar a equipe. A maior delas seria partir para um novo espaço, tanto maior quanto mais bem localizado. Eu não tinha a menor condição de trocar a casinha da clínica na Rua Henry Ford por algo mais imponente. Mas acabei trocando. Em fevereiro de 2011, fui almoçar no Turino, na Rua Santa Sofia, com a Lucy R., Inês Santos e Carmem Moreno. No meio da refeição me perguntaram se eu havia visto a placa de VENDE-SE na casa em frente. Nem reparei e nem fiquei curiosa. Sou muito pé-no-chão. Não queria nem saber o que era...

Quando saí fiquei impressionada com a casa à venda: era linda, enorme, jardim na entrada, garagem para mais de um carro, dois andares... um sonho! Insistiram e anotei o telefone. Dois dias depois, me encontrei com o corretor, Rodrigo, e conheci o imóvel. Minha sensação era de que era meu número! Bastaria pintar as paredes, que eram todas coloridas de cores fortes, fazer a mudança e ser feliz! Outra doce ilusão.

Na quinta-feira, levei a equipe toda para lá e foi um auê! Elas ficaram elétricas, todas falando ao mesmo tempo, fazendo reformas imaginárias e nem sei mais o quê. Acho que fiquei mais calada, observando e tentando equacionar a troca de uma casinha pequena por algo tão grandioso!

De lá, voltamos para a clínica e o Rodrigo ficou duas horas conversando comigo, com a Tânia e com a Valéria, contatando gerente de banco, fazendo as contas e simplesmente constatando que não daria. Depois de muita conversa ele só via uma solução: eu teria que vender o apartamento onde morava e a casa da Henry Ford. Meu coração estava apertado.

Em casa conversei com o Pedro, meu filhão, que deu a maior força para eu conseguir ter a casa de trabalho em que sonhava. E assim viramos, mais uma vez, uma família de sem-teto.

No dia seguinte, coloquei o apartamento à venda: precisamos apenas de uma semana.

Nessa mesma sexta-feira, uma semana depois de ter visto o cartaz de "vende-se", dei um sinal simbólico na casa, que por sorte estava à venda há algum tempo.

Deu tudo certo, as vendas/compras aconteceram no prazo e, eu que achava que iria só dar um pintura, quase coloquei a casa abaixo e fiz outra. Foram muitas reformas, do telhado a cada detalhe, mas valeu a pena! Dia 29 de julho de 2011 inauguramos o Núcleo Angela Beatriz Varella, com a inestimável ajuda e competência do Fernando Bento e sua equipe, que ainda acelerou um mês o final da reforma. Foi uma correria e um estresse grandes.

Nessa época, fazia quimioterapia pela quarta vez na vida! Havia começado no final de 2010 e desta vez fui até meados de 2012.

Como diria o Rei, foram tantas emoções...

5 comentários:

  1. Quantas emoções!!! É uma alegria estar perto de vocês! beijos emocionados!!

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  2. Querida prima,
    Adoro ler os seus belos relatos. Continue nos alimentando com essas falas tão delicadas e sensíveis. E esse seu Pedro,heim? Gente muito boa! Bj

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  3. Querida Amiga Angela e meu "filho loiro". É isso mesmo:"Tanto o que contar...".Contem! Com tantas emoções, isso não pode ser resumido a um “boletim médico”, mas sim a uma "vontade de continuar". Exemplo de Amor e Coragem que vimos em poucos durante toda a nossa vida. Mil bjs em seus corações, Fattima e Celsos.

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