sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Uma amiga de infância

Não disse que já me sentia quase curada? Pois ontem encerrei com chave-de-ouro meu último dia de boa disposição, energia e atividades.

Hoje de manhã recomeço o terceiro ciclo da químio e aí a história vai se repetir. Será? Minha sensação é que, animada e esperançosa do jeito que ando, a reação seja outra e eu não fique tão sem forças, só querendo ficar deitada.

Ontem a equipe de trabalho comemorou meu aniversário antecipado almoçando no Turino. Foi uma delícia! Como sempre, nossas reuniões em restaurantes têm muita risada e emoção – e a emoção é sempre coletiva...

De lá, seguimos para o NÚCLEO para o bolo, o café, os olhos-de-sogra, que adoro, além dos brigadeiros, ambos feitos pela Renata, irmã da Flávia e nossa “sócia honorária”, já que a Flávia a coloca em mil funções e encrencas por nossa causa. Obrigada, Rê!

A festa foi interrompida pelo meu anúncio de que queria dar a aula teórica que há muito vinha prometendo. Como agora não adio nada na vida...

Antes do término da aula, chegou minha amiga de Porto Alegre, Marie Anne, para passarmos a tarde juntas naquelas conversas sem fim. Ela ainda não conhecia nosso espaço. Lógico que acabou participando da aula e até nos deu informações bem relevantes.

Ela é odontologista e mais uma vez pudemos confirmar o quanto qualquer desvio postural influi no corpo inteiro, podendo atingir os dentes, assim como desvios da arcada dentária podem causar problemas que desçam até os pés, por exemplo. Aprendemos todas um pouco mais. Acho o máximo!

Viemos para minha casa e voltamos à época das conversas longas que alimentamos desde o tempo de meninas de 11 anos até hoje, apesar dos quilômetros de distância: casamentos, filhos, separação, vida profissional, a perda do meu grande amigo Beto, seu marido, e tudo o que vivemos ao longo dessas quase cinco décadas.

Estava escrito nas estrelas que seríamos amigas. Dos 11 aos 15 anos fui Bandeirante, o que teve uma grande importância na minha formação. Foi feita uma campanha estimulando que nos correspondêssemos com outras Bandeirantes, de diferentes estados. Separei 3 endereços e escrevi minhas cartas. Recebi respostas de todas, mas a colega de Porto Alegre que eu havia escolhido tinha uma amiga, que nem pertencia ao grupo, mas também queria uma correspondente para chamar de sua. E foi assim que a Marie entrou na minha vida!

As outras não vingaram, mas a Marie ficou para sempre! Nos tempos de Correios nossas respostas demoravam 4 dias para chegar, mas as respondíamos no mesmo dia! A produção de cartas era intensa!

Acompanhávamos a vida uma da outra nos mínimos detalhes, as ansiedades, as descobertas, e nossas famílias começaram a se envolver, de tão importante que era a chegada de cada correspondência.

Com aproximadamente uns 5 anos de amizade, pai, mãe, irmã caçula, ela e a amiga Marília, vieram passar umas férias no Rio. Foi uma festa! Nossas famílias mataram a curiosidade e se gostaram muito. As meninas conheceram também alguns primos meus na casa do tio Angelo e da tia Ivoni e um primo do Pará se encantou com a Marília. Nos demos todos muito bem.

Resumindo: alguns anos depois meu ex-noivo e eu fomos de ônibus para Porto Alegre para sermos padrinhos de seu casamento e mais tarde, ela, Beto e as crianças vieram algumas vezes para a casa onde eu morava já com Luiz e Pedro e até passamos umas férias todos juntos em Cabo Frio com as crianças.

As notícias foram ficando mais espaçadas. Ela com três filhos, eu com um e nossas vidas profissionais dificultavam a escrita, mas o invento da internet voltou a nos deixar mais próximas sem tanto gasto de telefone – ainda bem.

Há muitos anos a Marília veio morar no Rio por um tempo, na vila da aeronáutica, na Ilha do Governador. Marie, numa vinda sozinha, nos aproximou fisicamente e a amizade, que já era alimentada por tabela, ficou mais forte.

Há três anos, fomos passar uns dias em Florianópolis, na casa da Marília, Marie indo de Porto Alegre e eu do Rio, e foi aquela delícia de encontro! Velhas amigas convivendo depois de muito tempo separadas, mas sem nunca terem perdido o fio do afeto que nos ligava através da nossa amiga em comum.

Quando o caçula da Marie, André, que estava com 18 anos, quis estudar teatro na CAL, aqui no Rio, ela e ele vieram para minha casa para arranjar tudo na escola e procurar moradia. Da minha casa ele não saiu. Afinal, não conhecia a cidade, não tinha amigos - mal nos conhecia -, mas passou a morar conosco, Pedro e eu. Sorte a nossa!

Da experiência de ser o caçula, o André passou a experimentar o que era ser o irmão mais velho, pois foi assim que o Pedro o via – e o adorava. Minha família o adotou. Aqui ele tem primos, tios e até avó!

Depois de quase um ano, de se sentir meio carioca, se deslocando com segurança e cheio de amigos, quis morar sozinho e nossos encontros passaram a ser mais raros. Ele se formou, fez algumas novelas - atualmente faz “Lado a lado”- e é um orgulho para a tia postiça!

O amor por ele é como o que tenho pela mãe dele: podemos passar um tempão longe, mas a intimidade chega junto, parece até que nos vimos ontem...

Marie acabou saindo tarde aqui de casa. A sorte é que nunca saiu da minha vida!



2 comentários:

  1. Querida Ângela. Estou super feliz por vc estar bem e feliz. Não conheço sua amiga, mas já sou fã dela. Uma amizade como essas é o maior bem que alguem pode ter! E não tem preço pq é alimento da alma. Curta bastante esse seu dia de "niver". Sei q vc é festeira. PARABENS!!! Te admiro muito, minha Guerreira favorita! Aproveito pra te agradecer por tudo q vc fez por mim, qdo precisei. Te amo! Mil bjs meus e dos Celsos.

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  2. OI amiga!!
    Com algum tempo de atraso revejo hoje a nossa estoria,nao por nao dar importancia,isso nunca!Mas sim pelos dias finais de ferias sem computador proprio e chegadas na rotina, sem tanto tempo para ler com a atencao necessaria ao que sabia estar aqui!!!Foi um revival amiga..um dia pensamos em fazer um livro das nossas cartas ,lembras?Pois aqui esta um pouquinho do que seria o prefacio!Tenho a honra de ser tua amiga!!!Meu filho ganhou uma mae carioca,um irmao menor,uma avó maravilhosa,tios e primas,na sua mudança para o Rio,eu ja tinha uma amiga-irma que sempre me trouxe importantes conselhos..opinoes..exemplos...o que mais podemos desejar nesta vida?!!Amigas sao escolhas nossas e so passo agradecer um dia termos nos cruzado por acaso,( será mesmo que foi por acaso??!!),quando eu iria imaginar que ali estava minha irma de coraçao???Beijos amiga querida!!Estou contigo sempre!Marie Anne

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