terça-feira, 19 de março de 2013

Vale-Freud na cesta básica

Não posso mesmo pensar que aguento o tranco. Hoje pifei. Acordei muito cansada, dirigi até o Rio-Sul, fiz a injeção e quando voltei só queria minha cama. Dormi até 17h.

Dei bolo no cara da obra e nem apareci por lá. Sem condições.

Tenho muita dificuldade em gritar por ajuda e acho sempre que estou atrapalhando, mas teria sido melhor se tivesse pedido uma carona. Valéria, minha queridona do coração e com quem trabalho há 26 anos, passou a vida me dizendo que tenho que aprender a aceitar auxílio e a receber uma gentileza das pessoas. Mas ainda é muito difícil.

Não sou marrenta e nem é por orgulho, mas fui criada ouvindo meu pai dizer que poderia fazer tudo o que quisesse e que deveria aprender a me virar sozinha. Isso teve lá seu preço. Ou ainda tem.

Aos dezenove anos, comecei a fazer terapia. Todo o meu salário da ABBR ia para o psicanalista e eu vivia com o que ganhava de pacientes particulares em domicílio.

Naquela época era meio estigmatizado você se tratar, mas hoje, mesmo com tantos anos tentando, acho que ninguém pensa em me internar...

De lá para cá foram anos de divã! Quarenta, precisamente, e nem sei por quantos profissionais passei. Lógico que foram intermitentes - fazia e parava -, mas até hoje se acho que vai me fazer bem, que vou compreender melhor meus sentimentos ou que não estou conseguindo lidar bem com a situação da época, procuro ajuda.

Engraçado, mas comecei o texto falando o inverso, que não sei pedir socorro, e talvez seja o único exemplo em que grito por ele.

Mas por mais que tenha investido, vivido e me entregue completamente em todas as vezes, ainda assim houve um limite na capacidade de me modificar. A partir de um ponto não tem jeito - a matriz é muito mais forte que a vontade de ser diferente. Ou de conseguir fazer diferente, mas eu tentei e muito.

No começo deste meu processo terapêutico achava que ele deveria ser obrigatório para todo mundo, a partir da escola. Sempre me encantei com as descobertas feitas que não só me decifravam, mas me mostravam o outro.

Ficava mais fácil viver, tanto que eventualmente parecia que estava numa Torre de Babel, mas em que eu podia compreender o que se passava em volta. Mesmo quando me sentia a única.

Não importa o método ou a corrente terapêutica que escolhesse, mas em qualquer uma alternei sofrimentos, sempre temporários, e também comemorei segredos desvendados. De um jeito ou outro caminhava para frente.

Quando comecei o processo lá na pós-adolescência, nem imaginava o quanto me seria útil profissionalmente. Estudar Fisioterapia, trabalhar com gente, ainda mais com grupos, se tornou muito mais fácil e prazeroso, assim como as relações que criei foram sempre muito claras.

O pior é que recomendo tanto que minha equipe hoje forma um time, o das analisadas em curso. E faz tanta diferença!

4 comentários:

  1. Oi, companheira, também acho que faz a maior diferença passar por uma (ou várias) terapias e que a gente sempre ganha muito com isso! E que sorte a sua ter essa equipe de analisadas por perto! Se cuida, querida!
    Beijo Elvira

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  2. Sou muito parecida com vc, quando se trata de pedir ajuda. E também pedi a um profissional. A terapia ajuda muito a libertarmos as nossas assombrações. Mas o processo é lento e gradual. Bjs sempre, Bia.

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  3. Amiga querida, estive ausente por uns dias, outra vez... mas esteja certa de que meu pensamento não - ele está sempre ao seu lado - sempre.
    Sabe ? Relutei por muito tempo em fazer terapia, pensava que poderia encontrar as soluções para as dores da alma dentro da minha prórpria alma - puro engano... Conheci, há 3 anos , o trabalho da psicoterapia , assim como o poder de transformação que ela tem . Concordo com você, acaba esbarrando nos limites que a nossa essência impõe, mas dá força, direciona, organiza, clareia caminhos e conforta. Estou parada no momento, mas, em breve, pretendo " pedir ajuda " e voltar... Amiga, conte comigo para qualquer auxílio, qualquer um ... Sua amizade sempre foi um presente pra mim, e presente não incomoda nunca... só traz alegria... Um beijo bem grande com muita saudade. Denise

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  4. OI amiga!!
    Que saudades!!!O retorno à rotina tem sido de correria e dois fatos atrapalaharam minha vinda ao blog..falta de internete no consultório ,que após uma longa briga com a GVT,acabou-se resolvendo com uma pessoa particular,será Brasil??!! Juntou-se a isso um computador travado em casa,substituido por um velhinho so para não ficar tao desconectada do mundo,mas não andava nada ,coitado...Hoje voltei ao mundo virtual!!Amiga, fiquei feliz pelas noticias dos últimos exames!!!Bem, somos responsaveis não so pelo que cativamos,mas pelo que passamos de experiências positivas aos outros e ,certamente comigo,fazer terapia foi uma coisa que me passaste como uma bela experiência,qd resolvi fazer fui tranquila de que seria uma beleza e assim foi!!!!Mais uma para tua agenda de coisas boas que me ensinaste!!!
    Já fui e voltei da dita cuja terapia sempre que achei necessário!Aconselho a todos tb!!rsrssr
    Beijinhos amiga,ja ando com saudades de um belo papo ao vivo e a cores!!!Marie

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