quinta-feira, 27 de junho de 2013

Não se mexe em time que está ganhando


Acabei de chegar do Rio-Sul, onde tive consulta com o Mauro Zukin. Fatima-drinha, a madrinha do Pedro, me acompanhou, já que seria para decidir o que fazer a partir de agora, depois do resultado positivo da tomografia de tórax e de abdômen. O pulmão teve melhora e o fígado não piorou em nada, o que significa um ótimo resultado.
Diante disso o Mauro quis que eu continuasse a quimioterapia. Como amanhã seria a próxima, contando três semanas desde a última, negociei com ele para começar só na semana que vem. Além de ganhar mais um tempo ainda cheia de gás para colocar em dia as coisas da obra e do Núcleo, estarei bem na semana entre os dias 12 e 20 de junho, quando darei meu curso de Pilates sob a ótica das Cadeias Musculares.
Disse ele para Fátima que eu negocio tudo e o enrolo sempre... É verdade que negocio e como ele topa, é o médico ideal para mim! Ele me ouve, leva em consideração o que digo, o que sinto e meus argumentos devem ser bons porque na verdade consigo tudo que quero. Até ir para a Croácia! Se ele fosse diferente, rígido ou autoritário, duvido muito que ainda fosse sua cliente.
 Falei que deve recomendar a todo mundo fazer químio e viagens, uma combinação que é um santo remédio!
Depois da consulta fomos tomar um café e Fátima comentou sobre a sorte que sempre tive. Em geral câncer de pulmão não costuma ter resultados tão bons, mas o meu foi descoberto muito precocemente.
Há oito anos ia fazer um procedimento na tireoide e num exame pré-cirúrgico apareceu uma mancha no pulmão. Na época acompanhei o Pedro em uma consulta com o dr. Luiz Lamy e como havia pego meu resultado umas horas antes, pedi que ele desse uma olhada no meu Rx. Ele olhou e de cara me disse: -“Procure um cirurgião de tórax”.
O susto que tomei foi imenso - ele não falou para buscar um pneumologista, mas um cirurgião!
Do caminho de volta para casa liguei para a Fátima que me indicou o Paulo de Biasi. Além de grande médico, haviam sido amigos de adolescência e Zezinho, seu marido, formou-se com ele.
Foi uma grande escolha! Durante quase um mês fiz vários exames e nenhum foi conclusivo. Havia a dúvida entre tuberculose e câncer. Nunca rezei tanto, mas rezei errado. Torci com muita fé para que FOSSE TUBERCULOSE e não me lembrei de pedir que NÃO FOSSE CÂNCER. Pois tinha os dois!
No dia 23 de fevereiro, véspera do meu aniversário, fio à consulta com minha irmã Denise, Zezinho e Fátima e Biasi definiu que era câncer, um adeno- carcinoma.
Estávamos na clínica São Vicente e fomos para o jardim, perto da cafeteria. Fátima avisou à Carminha, que com Valmir, chegou quase que imediatamente. Lembro-me do meu desespero imaginando o pior, pensando em Pedro e chorando desesperadamente. Estava sentada e me balançava para frente e para trás ininterruptamente, quando Zezinho me comparou a Steve Wonder e sugeriu que mudasse para Ray Charles, cujo balanço era para os lados... Gargalhada geral. Mesmo no pior momento dessa caminhada de oito anos, nunca faltou humor por perto! Que sorte!
Quinze dias depois fiz a cirurgia e retirei o pulmão direito. Em seguida comecei a quimioterapia e os remédios contra a tuberculose. Passava mal todos os dias e emagreci quase quinze quilos – foi horrível, mas por sorte estava acima do peso. Deu para entender o motivo do alto índice de abandono do tratamento da tuberculose...
Fiquei ótima por alguns meses até que resolvi ir ao ortopedista para ver uma dor no quadril direito, velha conhecida há dois anos, depois de uma aula de surf, quando repeti mais de quarenta vezes o movimento de dobrar a perna direita para me apoiar e ficar de pé na prancha. Consegui pegar uma onda e também uma tendinite. Desisti depois dessa primeira aula.
Durante a ressonância de quadril a médica que estava realizando o exame, chegou para mim e disse que eu estava metástase óssea, como se estivesse dizendo que eu estava gripada! Nunca havia visto tamanha falta de tato, de ética, de noção!
Saí perambulando pelo setor médico do Barra-Shopping, onde ficava a clínica, e não sabia o que fazer ou pensar.
Acabei tendo que recomeçar a fazer quimioterapia e tive o prognóstico de, no máximo, um ano de vida. Por sorte comecei a tomar o Tarceva, como já contei, mas a precocidade do diagnóstico, com certeza, ajudou ao tratamento e a mim, a continuar viva.
Tenho tido uma sorte enorme ao descobrir tudo antes de qualquer sintoma e isso me faz ter mais certeza ainda do quanto sou protegida e que não estou só nessa história toda – e isso me faz muito bem.

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Cheguei!

Sábado à noite chegamos no fim da tarde de volta à Zagreb e ali terminou a excursão. Julia e eu fomos a uma exposição do Picasso que, depois da Croácia, voltará à França e será a última vez que sairá de Paris. Além de estar num convento antigo e reformado, o que por si já era uma atração, a exposição pegava várias fases e foi o máximo!

Domingo minhas amigas foram para Portugal, onde passarão três dias, e eu voei para Madri. Cheguei às oito da noite ainda com sol e a tempo de dar a última volta pela cidade naqueles ônibus de turismo, além de comer tapas de presunto Ibérico, queijo e pão com tomate e azeite. E uma taça de vinho tinto, que ninguém é de ferro.

Na segunda-feira embarquei de volta para casa num voo diurno, onde o tempo parece não passar, mas por sorte tive como companhia uma mineira de Belo Horizonte, a Maria Marta, de quem, depois de dez horas de conversa, virei amiga de infância!

Com uma diferença de fuso horário de cinco horas, entrei em casa, telefonei para mãe, irmão e irmã e capotei! Para mim já eram duas da manhã e já não me aguentava de pé.

Acordei revigorada para encarar a volta à rotina da minha vida, nem tão rotina assim. Telefonei cedo para a Rita, minha dentista do coração, pedindo socorro urgente, já que no segundo dia fora do Brasil havia quebrado um dente molar na vertical e fiquei apavorada que viesse a doer. Imagine ter que procurar ajuda na Croácia! Já estou de boca nova e ficou ótimo. Ela é uma artista!

Vou dormir. Meus olhos insistem em fechar e estou perdendo para eles. O dia foi curto. São oito horas da noite e para mim já deu, vou dormir.

...

Bom dia! São seis horas e desde quatro e meia da madrugada estou acordada. Resolvi escrever em vez de continuar a rolar na cama.

Ontem estava tão bem disposta, tão animada e revigorada que já quero pensar na próxima viagem, mas vou levar muito em conta o clima da época, pois desta vez errei feio ao fazer a mala.

Quando resolvi ir, doze dias antes do embarque, a temperatura por lá variava de 11 a 18 graus. Comprei blusas de malha de manga comprida que com uma pashmina ou casaco. Uma semana depois a variação era de 15 a 22. Coloquei blusas de manga curta na mala. Pois quando chegamos lá, era a filial do inferno. Chegou a 33 graus e não é um locar arborizado, com sombras e foi um sol na cabeça de rachar! Os oito dias foram de céu completamente limpo e azul.

Como eu, muita gente com roupa inadequada. Em Slit, a segunda maior cidade do país, fomos visitar os subterrâneos do palácio do imperador Diocleciano e logo ao entrar senti um cheiro fortíssimo de mofo que me fez imediatamente sacar a máscara que levei para me proteger ou no avião ou em casos como esse. Depois da terceira sala visitada desisti e saí em busca de ar.

O lugar é muito interessante ainda mais por ter sido construído há séculos.

Aproveitei a fuga e fui em busca de uma bermuda que substituísse minhas calças compridas, que já estavam correndo o risco de serem cortadas. Achei uma saia na Zara – lá também tem Zara – daquelas modernas com alguns rasgos. Foi a solução para o meu calor, mas por sorte só faltavam quatro dias de excursão e os rasgos, que pouco a pouco aumentavam, se tornaram buracos!

Seguem as fotos do subterrâneo mofado e da minha saia furada, enquanto “um urso me atacava...”







quarta-feira, 19 de junho de 2013

Croácia

 A cada dia acho a Croacia mais linda ainda. Estamos no sul, em ... nao sei escrever o nome - uma cidade que tem um forte a beira-mar enorme! 

Viajamos o tempo todo vendo paisagens magnificas. A esquerda, montanhas de pedras e a direita o mar. E a cada pequena distancia uma  cidadela entre eles.

Se nao tivesse ouvido a historia que nossa guia conta, diria que o pais  e muito rico. Nao vimos uma casa feia ou mal tratada - nenhuma! 

As cidades a beira-mar, observando melhor, vimos que sao condominios e nao mansoes, como pensamos a principio. Sempre sao construcoes de dois ou tres andares, mas cada varanda e um apartamento, portanto, sao varios em cada imovel.

Vindo para o sul tivemos que passar pela fronteira da Bosnia- Herzegonina, que tem um terreno de 9km em direcao, cortando a Croacia. Entramos e saimos alguns quilometros depois, mas e chocante. 

Beth, Julia e Irene estao se aprontando para irem a cidade jantar. Sao 21 horas, jantei no hotel com a Julia, que me fey companhia, e vou dormir!

Meus pes ficam com edema ao fim do dia e prefiro descansar para poder aguentar o dia seguinte. Estou administrando muito bem meu corpo, obedecendo aos limites.

Fica para o almoço de amanha o champanhe que quero abrir para comemorar o resultado do meu ultimo exame. E para comemorar muuuuito!!!

Como tenho tido dificuldade em conectar a internet - hoje e a primeira vez que uso o computador do hotel - nao escrevo muito. Na volta conto os detalhes. 

Amanha continuo. 

Viajar é preciso... [2]

São seis horas da manhã e desde as quatro e meia o sol está a postos e o céu azul o acompanhando firme.

Estou aqui não é por coragem,  é só vontade de estar com as amigas de infância e de conhecer um lugar "novo".

A Croácia é o país mais bonito que já vi!

Ontem li uma mensagem da comadre com um recado do Zukin, meu médico. O resultado da tomografia de pulmão, que fiz na vespera de viajar, mostrou melhora! Uhu!

Avisa a ela que o TC esta melhor, pode comemorar
     Dr. Mauro Zukin 
 
     

Vou começar a me aprontar. Excursão é assim, vc não para. Cada dia uma cidade, um hotel diferente, e a gente misturando tudo, tipo: que lugar é esse? Se hoje é quarta- feira, isso deve ser Paris...

Viajar está cada vez mais fácil. Se não quiser se aventurar sozinha, excursão é o máximo! Pagar em 10 vezes, então, é o que há!


Amigas desde 1965!!

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Viajar é preciso...

Ano passado cismei que queria conhecer a Croácia. Botei pilha nas minhas amigas de ginásio do Paulo de Frontin, Maria Julia, Beth Brandão e Angela, Cabral para nós e Zaccarias pelo casamento que já dura 40 anos, mas até hoje mantemos a tradição do Cabral, tão presente durante os quatro anos de intensa convivência, amizade e descobertas nos idos anos 60.


Tanto atazanei que em outubro acabamos comprando um pacote para junho deste ano, mas com uma baixa: Angela não poderia ir. Ficamos todas tristes porque há muito tempo combinávamos de fazer uma viagem juntas, mas não seria dessa vez.

Beth, então, convidou uma amiga, a Irene, e o grupo estava formado.
Já disse que, no meu caso, programar qualquer coisa com antecedência não dá certo. Tudo o que fiz na vida dessa maneira, e por sorte não foram muitas, não saiu como o programado. E não foi diferente dessa vez...
Em janeiro, recomecei a quimioterapia, que havia me dado uma trégua desde setembro, e tive aquele piripaque que acabou me levando ao CTI do Quinta D’Or.

Muito contrariada, fui obrigada a cancelar a viagem que faria em fevereiro com Pedro a Paris e Barcelona, para grande tristeza nossa. Deixei a da Croácia para decidir mais tarde, conforme a evolução do tratamento.

Como em março, além de começar a obra do apartamento e não me sentir nem um pouco recuperada, mas cansada e sem força, resolvi que a melhor opção seria não encarar a maratona da viagem com minhas amigas.

Lógico que foi com a cabeça que decidi, não com o coração, que continuou a acompanhar os preparativos com elas em nossos encontros gastronômicos frequentes. Croácia ficaria para outra vez.
Mal sabia o que estava por vir...

Sábado fui ao aeroporto e no estacionamento um casal lamentou sobre o absurdo do tamanho da fila do único elevador da área, e que na Croácia, de onde acabara de chegar, sua mala apareceu na esteira antes dele!

Foi o suficiente para acender meu fogo!

No carro, de volta pra casa, comentei o quanto gostaria de estar nessa viagem com elas, que vão dia 15. Na mesma hora Pedro me deu a maior força. Por que não ir? –“Mas Pedro, TENHO a obra que está quase acabando e NÃO TENHO dinheiro, que já acabou!”
- “Mãe, eu vou à obra todos os dias para você, compro o que precisar e ainda empresto a grana!”
Foi o bastante para na mesma hora ligar para a Abreu Tour que, apesar de ser domingo, sabia que estaria aberta por ser loja de shopping, confirmar se ainda havia vaga na mesma excursão e combinar de no dia seguinte ir lá fechar o negócio. E fui.

No carro, mentalmente, já havia feito as contas do meu tratamento e da vida em geral, se daria ou não para abandonar tudo por 9 dias. E dava.

Acompanhem comigo: amanhã, teoricamente, será minha última sessão de químio e no sábado terminarei o compromisso do curso de AutoCad. Semana que vem farei a tomografia para verificar se deu certo o tratamento desses 6 últimos meses e também será a semana do “descanso forçado” que vai durar até SÁBADO, quando costumo me levanto cheia de gás – e de malas prontas para embarcar à noite!
Na pior das hipóteses, se o resultado não for maravilhoso e se tiver que continuar a me tratar, estarei de volta a tempo de fazer o exame de sangue anterior às sessões de  quimioterapia e de estar presente no dia certinho do ciclo de 21 dias – tudo se encaixa!!! Nada fora de lugar, nada que atrase a vida ou a briga por ela, e vamos combinar: viajar com amigas é muito melhor para o câncer do que tocar obra e ficar aguardando resultado de exame...
Aliás, já pensei em tudo. Como fico muito apreensiva esperando esses laudos, na próxima consulta com o Mauro Zukin não irei (ele nem sabe disso...), mas já pedi ao Pedro, à minha irmã Denise e à comadre Fátima para irem juntos. Estarei na Croácia e não quero nem pensar no assunto até voltar. Eles que administrem esse diagnóstico! Por mim, não tenho a menor pressa em saber se estarei ou não livre das injeções... Prefiro viajar!