quarta-feira, 24 de julho de 2013

Eu vi o Papa!

Desde que começaram a chegar ao Rio os jovens vindos do mundo inteiro e juntando-se aos nossos, existe na cidade uma alegria que se multiplica, contagia e nos faz sorrir só de vê-los pela televisão ou pelas ruas.

Eles andam em bandos, cantam e dançam em todo lugar, não têm vergonha nem censura. Estão vivendo num estado de pura euforia. Eu já fui assim.

Hoje senti saudades de uma Angela Beatriz que existiu há muito tempo, na época em que participava dos Encontros de jovens do Colégio Santa Úrsula e São Bento e tinha fé, muita fé.

Era um sentimento de comunhão com a humanidade, com as pessoas próximas e as desconhecidas,  com a natureza, com o Universo que parecia ecoar em mim a sua beleza, suas cores e seu ritmo.

Tenho uma lembrança bem nítida de uma vez estar no intervalo do curso Vetor, na rua General Roca, e olhar para o morro do Salgueiro – naquele tempo havia muito mais verde em volta das construções – e sentir com absoluta certeza a existência de Deus. Quem, a não ser Ele, poderia ter criado aquela montanha, aquele céu azul ou aquela divina obra de arte?

E olhe que a tal montanha não era exatamente uma paisagem especial de cartão postal...

O sentimento estava dentro de mim. Meu coração estava aberto para ver a beleza e perceber sutilezas.
Meu pai costumava dizer que a ofensa está mais no ouvido de quem ouve do que na boca de quem fala. São os nossos sentimentos que ditam o sentido do que ouvimos e a qualidade do que vemos. E eu só via beleza.

O Papa está resgatando na população valores preciosos e reprimidos pela sensação de impotência, pela falta de respeito e até deboche com que a população é tratada por seus governantes. E a garotada o está ajudando!

Fui me empolgando nesses últimos dias, mas como detesto aglomeração, nem pensei em ir atrás do Papa. Mas acabei indo!

Lucy me chamou para assistir com ela e o Paulo, seu irmão, a passagem dele a caminho de um Hospital na Usina. Lá fui eu.

Exatamente em frente à casa dela não tem árvores e a visão é completamente livre e próxima, já que ela mora no primeiro andar de um prédio na Conde de Bonfim. Chovia todo o tempo, mas os voluntários e o povo, incluindo nós, estavam a postos e prontos para a passagem da comitiva.

E lá vêm os batedores!

Só eles.

Mais uns minutos e outros batedores! E a comitiva atrás! Primeiro o carro preto e, colado nele, o Idea cinza onde estava o Papa!!!

Estava com a janela aberta, acenando e sorrindo, e posso jurar que era para mim! Minha sensação foi essa, mas aposto que cada um ao longo do trajeto também deve ter se sentido na mira do Pontífice – abençoado e feliz!

Foi tão bonito tê-lo visto de perto – no máximo há uns dez metros – que a gente pulava, gritava e me arrepiei toda de emoção.

Amanhã vou para Tiradentes com amigos, e vou de alma lavada por ter visto o Para Francisco. O corpo foi lavado pela chuva, que não deu trégua na volta para casa.

terça-feira, 9 de julho de 2013

Viver para lembrar


Sexta-feira passada deveria ter feito minha quimioterapia, mas nem me lembrei de fazer o exame de sangue, dois dias antes, que indica se estou em condições de me submeter ao tratamento. Freud explica...

Desde que cheguei da excursão parecia que havia esquecido, numa boa, meu problema de saúde, mas voltei a mim quando recebi a ligação me cobrando o tal resultado. Confesso que fiquei meio murcha...

Com a viagem e a semana de férias que ganhei de presente ao adiar a químio, caí na vida! Foram semanas maravilhosas! Tive que me virar para recuperar o tempo perdido tanto no Núcleo quanto na obra. E dei conta. Estava tão feliz que nem me passou pela cabeça que ainda estava em recuperação...

Com isso só fui ontem ao COI. Minha agenda ¨ficar-bem x sem-energia¨ foi totalmente modificada, o que me criou alguma ansiedade se estarei ou não com tudo em cima na sexta, quando começo a dar meu curso!

Apesar de cabreira, estou otimista. Como a dose do medicamento diminuiu em 20%, minhas contas dão como certa a proporção menor de me sentir sem forças. Que assim seja. Amém.

Domingo me aconteceu uma coisa interessante. Como havia murchado um pouco desde sexta, acordei, tomei café, li o jornal e voltei para a cama - mau sinal. Escureci o quarto, me encolhi toda coberta e devo ter ficado assim por uma hora, quando me toquei que se não reagisse passaria o dia ali. Dei um pulo, tomei um banho e fui pra vida.       

Pedro, tão logo acordou, notou que havia algo comigo. Perguntou, mas eu não quis falar. Continuou insistindo e dizendo que me conhecia bem e sabia que tinha alguma coisa. Confessei, então, como me sentia e ele me falou do convite da avó para almoçar. Ainda discutimos no caminho – eu estava bem amarga – até fui andando na frente, sozinha. Quando chegamos lá, dentro do elevador ele me abraçou e eu desmontei. Precisava mais de um abraço que de bronca e de insistência em me fazer confessar fraquezas.

Depois do almoço, sempre delicioso, Zilah nos mostrou uma caixa do que ela chama de “literatura miúda” – coisas que os netos escreveram quando crianças, hoje todos adultos. Li uma história que o Pedro fez com uns oito anos e outra da Renata, minha sobrinha, talvez com a mesma idade e todos rimos muuuuuito! Eram engraçadíssimas!

O resultado é que sai do encontro completamente restabelecida! E eu, que costumo terminar os domingos recolhida, já me preparando para as segundas - hábito antigo - ainda convidei a Lucy para um cinema na Barra. Mais conversas, mais risadas e a Cinderela aqui só voltou pra casa depois da meia noite!

A diferença foi tão nítida, tão física e sentida que me fez lembrar, mais uma vez, da vovó Ivete: não rejeite qualquer convite. Mesmo que esteja deprimida, triste, vá! Com certeza voltará mais feliz, dará algumas risadas e terminará o dia muito melhor! Sábias palavras...

Mudando completamente de assunto, resolvi revelar – que coisa mais antiga – minhas fotos da Croácia e em tamanho 15 x 20. Foram mais de 300.

Coloquei todas em ordem cronológicas para poder reconhecer os lugares me guiando pelo roteiro da excursão e, desde então, olho uma por uma todos os dias. E viajo novamente. A sensação é a de reviver o olhar daquela paisagem, de lembrar o exato momento daquela imagem, das conversas, dos sons e minha alma tem voltado muito leve desses passeios que a memória me confere. Eu quero mais.
 

Opatija
 
Caminhos de Opatija a Zadar
 
 
 Zadar
  
 
Piso de vidro e o mar em Zadar e Julia fotografando
 
 
Zadar
 
 
Zadar
 
 
Caminho de Zadar a Trogir
 
 
Ponte de entrada em Trogir, cidade medieval
 
 
 Cais de Trogir
 
 
Trogir
 
 
Ruela em Trogir
 
 
 Pracinha em Trogir
 
 
 Coca-Cola com nomes croatas...